“Guilherme Fois”
- Ogã Gibah -
- Um sambista de fato -
Carioca, nascido e criado na Tijuca,
aos 10 anos me mudei pro Grajaú, que foi onde a música definitivamente passou a
fazer parte da minha vida, em especial, o samba. Torcedor do Flamengo e do
Salgueiro. Porque inicio assim? Porque foram eles que nortearam a minha
caminhada em relação ao samba.
Quando eu tinha 11 anos de idade, meu
irmão ganhou de presente de aniversário 4 instrumentos: repique, tarol, surdo e
tamborim. E como eu estudava à tarde e passava as manhãs sozinho em casa com a
secretária, comecei a bater nos instrumentos. Barulheira danada! Mas mesmo
assim, os pobres dos vizinhos nunca reclamaram. Acho que devo render uma
homenagem a eles. Eu colocava os LP’s das Escolas de Samba e ficava tentando
acompanhar. Sempre tive um ouvido bom pra isso e uma boa pegada pra ritmo.
Conseguia ouvir apenas o instrumento que eu quisesse. Fui aprimorando isso e
durante os desfiles das escolas de samba, que eu acompanhava pela TV, ficava
vidrado na bateria. Meu pai sempre comprava os discos das escolas de samba (que
eu guardo até hoje) e quando chegava o desfile eu já sabia todos os sambas e
todas as viradas de todas as baterias. O primeiro que eu aprendia, claro, era
do meu Salgueiro.
Aos 13 pra 14 anos, durante um jogo
do Flamengo no Maracanã, eu estava numa torcida organizada e tinha um repique
sobrando. Peguei e comecei a acompanhar as músicas e gritos de guerra. E, ao
final do jogo, o cara que comandava a bateria (que sinceramente não lembro o
nome), me convidou a fazer parte da torcida. Como eu era menor de idade, não
teria obrigação nem o compromisso, mas sempre que o Flamengo jogava no estado
do Rio de Janeiro eu estava lá com eles. E isso foi até 1981, quando me mudei
definitivamente pra Brasília.
Em 1983 fundamos o Bloco Carnavalesco
AAlo BBrasil, no clube AABB para fazer alguma coisa diferente no carnaval.
Éramos 8 amigos e fomos convidando um, convidando outro...e quando vimos éramos
66 ritmistas, todos sob a batuta furiosa do Mestre Robson Castro. Desfilamos pelas
Asas Sul e Norte, nos apresentamos no salão nobre da AABB durante o carnaval e
conquistamos o troféu Apito de Ouro, do I Concurso de Bateria de Blocos de
Brasília. Diga-se de passagem, éramos o ÚNICO bloco participante. Em segundo
lugar ficou a bateria da Aruc e em terceiro, da Asa Norte.
Daí até 1990 fazíamos sambas pelos
diversos bares de Brasília. Até que fui convidado pra integrar o grupo que ia
tocar no Bar do Mineiro, no pagode da AABB, às quintas-feiras. Foi quando tive
a honra e o prazer de conhecer nomes consagrados do samba de Brasília, como
Dilermando Alvarenga, Marcelo Sena (Coisa Nossa) e Jorginho Alexandre (Luz do
Samba), bem como diversos outros sambistas maravilhosos.
Em 1993, fomos convidado pra tocar no
famoso Pagode do Garvey. E aqui eu abro um parênteses”. Quem, entre 1993 e
1994, não se lembra desse pagode, na piscina do Garvey Park Hotel, aos
domingos, com sol ou chuva? Foi a época de puro do samba em Brasília. E eu,
mais uma vez, tive a honra de fazer parte desse grupo. Éramos 6 músicos fixos,
mas quem tivesse seu instrumento era só chegar e tocar com a gente. Várias
vezes eu contei mais de 20 músicos à mesa. E tocando redondinho. Muitas
amizades foram feitas, grupos de samba foram criados ali. Saudade enorme desse
tempo e das pessoas com as quais perdi o contato. Cadê vocês, Marco Smith,
Dedé, Aguinaldo? Apareçam.
E tinha um garotinho, de seus 6 anos
de idade, não mais que isso, que ia sempre acompanhando o pai. Ele e a irmã, um
pouco mais velha. O pai tocava com a gente, a irmão estava aprendendo e ele,
levava um tantanzinho de madeira e sentava no cantinho, metendo a mão no couro.
Me refiro a Dilermando Alvarenga (o pai), Juninho Alvarenga e Yara Alvarenga.
Tá bom pra vocês? Quem, no meio do samba, nunca ouviu falar deles? Pios é...eu
os vi “nascerem” para o samba.
Hoje coordeno a Oficina de Percussão
TODOS TAMBORES. Um projeto de percussão para crianças em situação de risco,
junto com meu amigo/irmão Bebeto Cerqueira, que funciona no Instituto
Promocional Madalena Caputo, no Paranoá. Mas não pretendemos ficar só por ali.
Nosso objetivo é levar esse projeto para todas as satélites e/ou áreas do DF
onde exista risco para que as crianças enveredem por caminhos que não são os
mais corretos. E contamos com o apoio de todos. Obrigado pelo carinho e pela
oportunidade.
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