Pular para o conteúdo principal

CULTURA DO SAMBA


Escolas de Samba, ontem e hoje.

As primeiras escolas de samba do Brasil pouco se pareciam com as de hoje em dia. Muito menores, não tinham a estrutura rígida das estrelas da Sapucaí – nem o mesmo luxo.
A primeira de todas, a Deixa Falar, foi criada no Rio de Janeiro, no fim da década de 1920 pelo o compositor Ismael Silva. Ele e um grupo de amigos, que incluía sambistas como Pixinguinha, se reuniam periodicamente nos bares ou casas de amigos no bairro Estácio de Sá. O termo“escola de samba” foi cunhado por eles, por causa de uma piada interna: enquanto a Escola Normal, que ficava na região, formava professores, a Deixa falar formava professores de samba.
A moda pegou. A partir daí, os blocos e as escolas de samba, em forma de agremiações, se espalharam pelo Rio. No carnaval, elas se concentravam na Praça Onze, na Cidade Nova. O local é considerado o berço do carnaval carioca e foi tema do samba enredo da Salgueiro em 1970 (“Praça Onze, carioca da gema”) e do samba “Praça Onze”, de Herivelto Martins e Grande Otelo.
Nessa época, já existia uma separação de funções nas escolas: compositores, instrumentistas, sambistas e dançarinas (que eram chamadas de pastoras). As mulheres se fantasiavam de baianas (foi daí que surgiu a ala das baianas, hoje obrigatória nos desfiles). Os homens, por sua vez, usavam camisas listradas e chapéus de palha, inspirados em capoeiristas da época – figurino que foi imortalizado como a típica imagem do malandro carioca.
A partir da metade dos anos 1950, esses grupos começaram a se fundir, formando organizações cada vez maiores e a adquirir uma estrutura administrativa mais rígida, com diretores, conselheiros, tesoureiros e secretários.
Atualmente, escolas de samba são instituições sem fins lucrativos organizadas em formato de grêmio recreativo esportivo social (daí a sigla G.R.E.S., que precede o nome das escolas). Ao longo do ano, realizam ações sócio-culturais envolvendo as comunidades onde estão inseridas. Isso vai desde recreação para crianças até aulas de línguas e oficinas profissionalizantes.
O objetivo principal, porém, é a organização do desfile de Carnaval. E é seu desempenho na avenida que vai determinar sua ascensão ou rebaixamento na hierarquia das escolas de samba.

As escolas de samba nasceram entre as décadas de 20 e 30 e formaram-se com base nos Ranchos Carnavalescos, mas logo tomaram identidades próprias. As escolas de samba eram primitivas e rígidas e, ao longo do tempo, tornaram-se flexíveis, dando oportunidades para jovens e crianças.

A escola de samba tem a tranquilidade de ter entidades que as representam; nesse caso é preciso ter seus estatutos sociais registrados em cartório, possuir uma sede administrativa, quadra para ensaios, uma diretoria constituída, licença de funcionamento na polícia e ser filiada a uma dessas entidades representantes.

As escolas trabalham o ano inteiro para serem julgadas em uma única apresentação. Cerca de cinco mil desfilantes ensaiam nas quadras, sendo eles sambistas, passistas, mestre-sala, porta-bandeira, destaques, alas e também os participantes da orquestra e da bateria. Chegado o grande dia, tudo deve estar em perfeita ordem e harmonia. A apresentação segue a sequência a seguir:

• A comissão de frente cria uma certa expectativa no público por sua coreografia diferenciada e também em relação ao enredo da agremiação. É formada por, no máximo, quinze pessoas, podendo ser homens, mulheres e crianças;

• O carro abre-alas é onde tudo começa. É nele que a escola expõe seu símbolo destaque;

• As alas são grupos de mesma fantasia que ficam entre as alegorias. Nelas está o sambista que, até cruzar o fim da avenida, esbalda-se, podendo perder até dois quilos;

• As alegorias e adereços são partes importantes no desfile. Os carros alegóricos contam a maior parte do enredo. Nos chamados queijos ficam os destaques principais da agremiação;

• Os destaques desfilam isoladamente no chão ou nos carros alegóricos. Usam fantasias representando personagens do enredo;

• A ala das crianças é opcional e é formada, em média, por duzentas delas;

• O mestre-sala e a porta-bandeira levam o estandarte da escola usando fantasias luxuosas que podem pesar até quarenta quilos;

• A bateria, com cerca de 350 integrantes, é alinhada por instrumentos guiados pelo mestre. Os instrumentos usados são: tamborim, pandeiro, chocalho, reco-reco, tarol, agogô, cuíca, repinique, caixa de guerra e surdos de primeira, segunda e terceira marcação;

• Algumas escolas têm rainhas, princesas e madrinhas de bateria, que são mulheres bonitas escolhidas no meio artístico ou por concursos na comunidade;

• O intérprete oficial é responsável por cantar em média 65 vezes o samba-enredo durante o desfile. É acompanhado por cantores de apoio, mas ele é quem determina o andamento do samba;

• Os passistas são responsáveis por preencher os espaços deixados pelos bateristas. Sambam com muito charme e sensualidade;

• A ala das baianas é composta por senhoras, sendo algumas bem idosas que, apaixonadas por sua escola, sustentam o peso de, aproximadamente, quinze quilos em suas fantasias;

• A ala dos compositores é formada pelos poetas da escola que compõem os sambas até que um seja escolhido como oficial.

• A velha guarda encerra o espetáculo e é composta por integrantes que participaram da fundação da escola.

Durante a apresentação das escolas, os juízes julgam:

• A bateria, que deve estar perfeitamente entrosada;
• O samba-enredo, que deve ter a letra adequada ao enredo e melodia-samba;
• Os cantores e o intérprete, que devem estar em harmonia;
• As alas e destaques, que também devem permanecer coesos;
• O enredo, que deve estar claro durante a apresentação;
• O conjunto do desfile, que deve estar uniforme e harmonioso;
• As alegorias e adereços, que devem ser criativos e bem feitos;
• As fantasias, que devem estar adequadas ao enredo;
• A comissão de frente, que deve saudar o público e apresentar o enredo coordenamente;
• O mestre-sala e porta-bandeira, que devem estar em perfeito entrosamento e no ritmo do samba.

Comentários